No mês que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o site do Geração 68 preparou uma série de entrevistas com mulheres líderes na política, na sociedade civil e em movimentos feministas.

Para começar, a vereadora da cidade de Santos, Débora Camilo (PSOL), é advogada e primeira vereadora em Santos eleita pelo PSOL. Preside a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Pessoas com Deficiência, na Câmara da Cidade.
[G68] Mulher na política: quais os desafios?
A violência política de gênero ainda é persistente no nosso sistema político. As mulheres não são bem-vindas nas esferas de poder e decisão, principalmente quando contrariam os velhos costumes e interesses do patriarcado capitalista. Além disso, as políticas públicas para mulheres ainda são insipientes, justamente pela falta de representatividade de gênero, raça e classe em espaços de poder. As mulheres que vencem as barreiras impostas às lideranças feministas têm que enfrentar uma verdadeira guerra para efetivar políticas que atendam às necessidades das mulheres como cidadãs.
[G68] Mulheres no Brasil: quais ações seriam fundamentais para uma política voltada para os direitos das mulheres?
Mais mulheres na politica, para começar. Mulheres que representem os interesses das mulheres, na nossa sociedade. A luta feminista tem cada vez mais protagonismo e precisamos que esse movimento cresça e que mais mulheres entendam que fazer política é parte do nosso dia a dia, e isso não envolve só a política institucional, mas todo o movimento feminista, que vai desde a luta pela igualdade salarial até a luta pelo aborto legal e seguro e das demandas diárias das mulheres trabalhadoras.
As mulheres são capazes de atuar na política pensando outra sociedade, mais justa e igualitária, não só para as mulheres, mas para todo o mundo que sofre com a opressão e a exploração.
[G68] Cultura do machismo nos últimos anos: quais as consequências e como combater?
Infelizmente, os dados mostram que a cultura do machismo continua a fazer vítimas fatais no nosso país e em todo o mundo. A violência crescente contra as mulheres só mostra que, sem combater as raízes das desigualdades de gênero e classe, podemos retroceder a qualquer momento em conquistas histórias da luta das mulheres.
O primeiro passo é reconhecer que o machismo é um problema estrutural da nossa sociedade e não é caso de algumas maçãs pobres ou situações isoladas. A desigualdade de oportunidades aprofunda o machismo, na medida que gera mecanismos sociais que impedem que as mulheres saiam de situações de vulnerabilidade.
Combater o machismo é uma luta diária, que precisa ser feita com educação, informação e oportunidades para que as mulheres possam exercer sua cidadania com segurança.
Politicas publicas que deem autonomia para as mulheres, que ainda são as maiores responsáveis familiares do nosso país, também são essenciais para a prática da liberdade que ainda nos é negada, tamanha a responsabilidade social que acaba exclusivamente nas costas das mulheres. E mais do que qualquer coisa, a do movimento feminista tem sido a linha de frente no combate ao machismo. O feminismo salva vidas.


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