Dilson Cunha
“Agora me tornei a Morte, o destruidor de mundos.”
Oppenheimer, amante da poesia, cita um verso de Bhagavad Gita. Ele, que era também amante da filosofia oriental.
O titã Prometeu roubara o fogo, que era dos deuses, e o dera aos homens. Por conta disso, nos conta o grande Ésquilo, foi acorrentado e passou a sofrer um suplício eterno: todas as noites uma águia devorava seu fígado que, para seu desespero, se regenerava também a cada noite.
Como na mitologia grega, no mundo da história os homens também tomaram posse do fogo. E o drama de Oppenheimer (e de Einstein) é saber que o gênio da destruição não pode ser colocado de volta na garrafa. É impossível pôr de volta a maçã na macieira. Eis o grande drama moral de Oppie.
Na verdade, eis o grande drama moral (ou seria cínico?) e fático da humanidade hoje. Nesse apocalipse climático que adentramos, nem nossa dissonância cognitiva nos dará alívio por mais falso que todo alívio dissonante nos propiciou até hoje. Não há como
Dilson Cunha



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