Francisco Celso Calmon
A lentidão da justiça é uma tortura coletiva. Enquanto a sociedade do bem sofre com o Bolsonaro solto e começa a duvidar da justiça, os bolsonaristas avançam em busca de uma anistia para o meliante. A lista de crimes cometidos por ele vai desde a época da caserna até os dias atuais. Da falsidade ideológica, apologia à tortura, genocídio, ao atentado ao Estado de direito.
Não havendo um exemplar julgamento e punição, sua história vai virar um manual de como cometer crimes sem ser punido.
Anistiar golpistas seria um passaporte de imunidade para novos atentados ao Estado democrático de direito.
O Brasil já carrega uma nódoa na sua história por não ter punido os agentes da ditadura militar que cometeram crimes de lesa humanidade, e, por serem imprescritíveis, são crimes continuados, à medida que os mortos e desparecidos políticos continuam sem justiça e as sequelas transgeracionais afetam os sobreviventes e os filhos e netos dos assassinados pelo Estado ditatorial até o presente.
A extrema-direita tem um projeto e estratégia de poder, não é a de um governo democrático, e sim a de uma contrarrevolução à democracia e implantação de uma autocracia neonazifascista, na qual o Estado e a sociedade serão militarizados e as policias, aliadas às milícias, implantarão o medo e a violência como um modo de ser normalizado. Só haverá liberdade entre os fascistas, os demais serão perseguidos via lawfare e pelas forças das armas.
Cujo resultado desejado é o de uma guerra civil, como declarado algumas vezes pelo meliante-mor, Jair Bolsonaro.
Matar os 30 mil esquerdistas é a sua obsessão.
O fascismo não está trotando, está à galope.
A letargia da Justiça favorece à extrema-direita, leva a apatia e descrença à sociedade, e anima a quadrilha bolsonarista.
Seu cronograma, se tiver como variável determinante o calendário eleitoral e as pesquisas de opinião, estará sendo míope e coalho.
Toda decisão tem risco imanente, mas a ousadia responsável é ingrediente necessário aos agentes da Justiça.
Ousar lutar, ousar vencer.
Francisco Celso Calmon
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Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Foi líder estudantil no ES e Rio de Janeiro. Participou da resistência armada à ditadura militar, sendo sequestrado e torturado. Formado em análise de sistemas, advocacia e administração de empresas. Foi gestor de empresas pública, privada e estatal. Membro da Frente Brasil Popular. Autor dos livros “Sequestro moral e o PT com isso?” e “Combates pela Democracia”, coautor dos Livros “Resistência ao Golpe de 2016” e “Uma sentença anunciada – O Processo Lula”. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Articulista de jornais e livros, coordenador do canal Pororoca.
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