Francisco Celso Calmon
Não tem um estrategista e nem um ministro forte, com autoridade para falar em nome do governo, como foi Zé Dirceu e a Dilma.
O cerco é mais amplo e apertado e o governo Lula 3 é o mais fraco dos seus anteriores. Lula já não fala às massa nas ruas, está se comunicando apenas em lugares fechados, e, com o fiasco do 1º de maio, está cabreiro, com razão, ocorre que o movimento é dialético, partidos e movimentos sociais, Lula e governo, devem se mover à luz de uma estratégia.
Ex-líder sindical negocia com atuais líderes sindicais. O presidente não vai e não pode se colocar como se fosse um deles, pois não é mais. Os professores não vão e não devem se colocar como se governo fosse. Cada parte vai negociar conforme suas forças.
Na dialética dessa correlação a greve chegará ao fim.
É no ambiente democrático que os trabalhadores lutam por seus direitos. Num ambiente de força, terror e medo, não possibilita os sindicatos lutarem pelas reivindicações de suas categorias.
Dinheiro existe, disse-me uma vez a companheira Dilma, em outro contexto e num colóquio pessoal.
A questão é que a maior parte é gasto com pagamento dos juros.
As despesas com juros da dívida pública do governo somaram R$614,55 bilhões em 2023, contra os orçamentos das pastas da Saúde, Educação e Desenvolvimento e Assistência Social, que no ano passado foi de R$578,13 milhões.
Portanto, o Governo gasta mais com juros do que a soma com o Desenvolvimento Social, Saúde e Educação.
A greve é um instrumento de luta válido e necessário quando o diálogo não existe ou a negociação emperra por intransigência da parte reclamada.
Uma greve deve ser precedida de planejamento. Há greve com ocupação e politização, e as vazias, só os braços cruzados.
A greve, sendo o instrumento de luta dos trabalhadores mais poderoso, não deve ser usado sem medir todas a possibilidades e consequências antes de deflagrá-la.
Deve olhar o todo e não apenas a reivindicação, especialmente porquê estamos passando por um momento crítico da nossa frágil democracia.
Através do cerco permanente dos três êmes (mídia, militares e mercado), mais os do Congresso, liderado por dois bolsonaristas, mais o Bob Campos Neto, sabotando A POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO, drenando recursos para pagamentos de juros altíssimos, cujo estoque da dívida em ascensão, dificulta, não impede, o governo de atender muitas das justas reivindicações.
Uma paralização presencial permitiria discutir os juros e outras pautas bombas no Legislativo, como o projeto de anistia PREVENTIVA a Bolsonaro e quadrilha.
Há em marcha uma contrarrevolução à democracia pela fascistização do Estado e da sociedade.
Pela MOBILIZAÇÃO virtual e presencial da sociedade, particularmente das mulheres, o PL do estuprador foi impedido de imediato.
Este é caminho: Formação, organização e participação dos estudantes e dos trabalhadores, sem pausa, contínua, até que equilibremos um pouco a correlação de forças.
Usava-se e ou usa-se piquete para evitar a penalidade individual. O faltoso vai justificar que não entrou no local porque foi impedido. Quando esse risco não existe, a greve deveria ser livre de apoio ou não.
Sem repressão a greve deve ser mobilizadora, conscientizadora e organizadora.
Ficar em casa é desperdício geral. E, provavelmente, o saldo não compensará os efeitos dos dias parados e não será um modelo exemplar.
A greve não deve acabar por fadiga, seria desgastante para os todos das Universidades.
Estamos já em pré-campanha eleitoral, daqui a pouco A GREVE irá diminuir o efeito de pressão.
É hora de encerrar com os ganhos conquistados.
Francisco Celso Calmon
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Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Foi líder estudantil no ES e Rio de Janeiro. Participou da resistência armada à ditadura militar, sendo sequestrado e torturado. Formado em análise de sistemas, advocacia e administração de empresas. Foi gestor de empresas pública, privada e estatal. Membro da Frente Brasil Popular. Autor dos livros “Sequestro moral e o PT com isso?” e “Combates pela Democracia”, coautor dos Livros “Resistência ao Golpe de 2016” e “Uma sentença anunciada – O Processo Lula”. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Articulista de jornais e livros, coordenador do canal Pororoca.
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