A dimensão do amor.
Affonso Abreu
O amor tem medidas inexatas.
Uma misteriosa métrica.
Em escalas mágicas.
Exclusivas com imensa exatidão.
O que hoje é luz, ontem foram trevas.
O que hoje é sorrir, amanhã talvez lágrimas.
Misterioso em todo seu esplendor.
Sentimento diáfano, límpido, delicado.
Sentimento tenso, obscuro, atormentado.
Morre todos os dias, para depois renascer.
Retornando às veredas da existência.
Tramando em silêncio a ilusão do pecado.
A doçura do mel nos lábios da mulher amada.
O perfume das flores, essência divina, poção mágica.
A alegria inebriante da paixão.
O encontro furtivo dos amantes.
O fulgor da excitação.
O poder do desejo.
A desilusão!
Faz-nos ver o mundo da dor.
Com olhos pequenos e medrosos,
Adestrados, indefesos e constritos.
Iniquidades, mentiras e vilanias.
Ver o cinza, com medo das cores,
Com medo da realidade.
Personificar o não ser.
Viver em paz o desespero.
Acreditar nos absurdos.
Ocultar-se dos sonhos e dos desejos.
Ler velhos Jornais.
Adiar despedidas.
Resiliência.
Existência.
Amanhecemos todas as noites!
Entardecemos todas as manhãs!
Anoitecemos todas as tardes!
Moto-contínuo.
Insistentes: vivos seguimos.
Morrendo? Cada dia um pouco.
Com a alma renascendo a cada dia!
Novos sonhos e desejos.
Para poder morrer de novo!
… e la nave va!
Affonso Abreu

Affonso Milcíades Alves de Abreu, 74 anos, residente na cidade do Rio de Janeiro, advogado militante por 40 anos, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Rio de Janeiro, especialista em Psicologia Analítica Junguiana, analista em formação pelo CEJAA – Centro de Estudos Junguianos Analistas Associados.


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