Eleições 2024 na OAB-ES

Francisco Celso Calmon

Dois mandatos, 6 anos à frente da gestão da OAB-ES, é um tempo suficiente para fazer o melhor, se houver competência e liderança, e conquistar aplausos da maioria.

O atual presidente não conseguiu!

Ao contrário de aplausos, recebeu a oposição, inicialmente de três chapas, e às vésperas do pleito, uma das chapas desistiu e apoiou outra, reduzindo para duas chapas contrárias ao atual presidente, José Carlos Rizk Filho.

Com quatro ou com três chapas concorrendo, qualquer uma que ganhe será por votos de uma minoria, pois, tudo indica que nenhuma vai alcançar 50%.

Não é uma realidade apenas do ES, mas de todo o universo das seccionais da OAB, vez que as eleições ocorrem em turno único.

Fui convidado em duas oportunidades para fazer parte de chapas: uma do Rizk, na função de conselheiro federal, perdida por 3.5% de votos, na outra como pretendente à Presidência da CAAES, ao lado da Elisângela Melo e Thiago Fabres, candidatos à presidência e a vice, respectivamente, da OAB/ES. Foi quando o atual presidente venceu pela primeira vez.

Em ambas as chapas colocamos no programa os direitos humanos e a pauta de memória, verdade e justiça.

No ES, a PM continua transgressora, matando e torturando os mais vulneráveis e não há denúncia e enfrentamento da OAB, tampouco nenhum posicionamento das chapas sobre o tema.  

Imediatamente após perdermos, Fabres e eu começamos a articular uma nova chapa, com ele na cabeça. Infelizmente o improvável e trágico aconteceu: o falecimento de Thiago Fabres, 42 anos. Com a sua ausência encerrei o meu protagonismo em eleições da Ordem.

Minha inscrição original é da OAB-RJ, 1975, após quatro anos de impedimento pela ditadura militar, e lá as campanhas são mais politizadas, digo politizadas e não partidarizadas, enquanto aqui no ES giram em torno de corporativismo, assistencialismo, recreação e, sobretudo, troca-troca de interesses individuais.

Pior: as denúncias e acusações de nível pessoal foram lamentáveis para a imagem e dignidade da advocacia capixaba. Nada justifica.

Foi e é deprimente!

Passam ao largo do art. 44 dos nossos Estatutos, e mesmo numa conjuntura na qual o fascismo está crescendo e assumindo a forma explícita de terrorismo, cujo alvo é o Estado democrático de direito, os programas das chapas vivem num mundo de Alice. 

É lamentável!

A OAB que zela pela ética pública, não pode repetir padrões de baixarias como as assistidas nas recentes eleições de prefeito em SP capital.

Eleições do denuncismo, sem propostas progressistas e debates de alto nível, as eleições da OAB-ES ficarão assim marcadas.

Entre “cruz credo, deus me livre e mula sem cabeça”, ficarei fora dessas rasteiras opções.


Francisco Celso Calmon

Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Foi líder estudantil no ES e Rio de Janeiro. Participou da resistência armada à ditadura militar, sendo sequestrado e torturado. Formado em análise de sistemas, advocacia e administração de empresas. Foi gestor de empresas pública, privada e estatal. Membro da Frente Brasil Popular. Autor dos livros “Sequestro moral e o PT com isso?” e “Combates pela Democracia”, coautor dos Livros “Resistência ao Golpe de 2016” e “Uma sentença anunciada – O Processo Lula”. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Articulista de jornais e livros, coordenador do canal Pororoca.



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