Ora pro nobis, poeta!

Orai por nós, poeta!

Affonso Abreu

Cavalheiro andante das causas perdidas.

Mãos dadas com a coragem, não retrocede.

Atônito e perene nas tramas mal urdidas.

De mãos dadas com o medo, esvanece.

Mas deve viver.

Viver é preciso!

Mundo tomado pela dor dos vencidos.

Gritos de pavor, em uma eterna guerra.

Mães dilaceradas por seus filhos perdidos.

Inominável crueldade à Gaia, mãe terra.

Mas deve viver.

Viver é preciso!

Tantos mortos nos brutais porões escuros.

Onde habitavam as mais cruéis criaturas.

Monstrengos impunes, animais impuros.

Alimentados por ódios, saciados por torturas.

Mas deve viver.

Viver é preciso!

Almas perdidas e mentes desencantadas.            

Sinistras viagens às tortuosas vias da paixão.

Espanto geral, total incerteza, horas contadas.  

Desamor, tristeza, pouca esperança, escuridão.

Mas deve viver.

Viver é preciso!

Mergulhos profundos, mar das incertezas.

Viagem reversa ao não sei do esquecimento.

Caminhos desafiantes, alegrias e tristezas.

Morrendo e renascendo a cada momento.

Vamos viver.

Viver é preciso!


Affonso Milcíades Alves de Abreu

Advogado militante por 40 anos, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Rio de Janeiro, especialista em Psicologia Analítica Junguiana, analista em formação pelo CEJAA – Centro de Estudos Junguianos Analistas Associados.



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