Amaury Monteiro Junior
As recentes tensões geopolíticas e comerciais, impulsionadas pelas ações do ex-presidente americano Donald Trump, representam um desafio direto à soberania e autonomia econômica do Brasil. A ameaça de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e as pressões políticas para interferir em processos internos sinalizam uma tentativa clara de ingerência, exigindo do Brasil uma postura unificada e assertiva.
Violação da Soberania e Resposta Brasileira
A conduta de Trump, que inclui a exigência para que o governo brasileiro interrompa ações contra Jair Bolsonaro, transcende uma disputa comercial e se configura como uma violação flagrante dos princípios do Direito Internacional. Tal atitude desconsidera a independência dos Poderes, especialmente do Judiciário, e ignora as normas diplomáticas que regem as relações internacionais.
Diante disso, a reação inicial do presidente Lula, ao reafirmar a soberania e a independência dos Poderes brasileiros, e ao indicar a reciprocidade como resposta a eventuais elevações tarifárias, é estratégica. Essa postura é crucial para sinalizar à comunidade internacional que o Brasil não se submeterá a pressões externas e está preparado para defender seus interesses nacionais.
Medidas Recíprocas e a Desdolarização como Defesa Econômica
Em face de políticas protecionistas e agressivas, como a tributação de produtos e serviços de países do Sul Global, a aplicação de medidas recíprocas emerge como um instrumento legítimo de defesa da soberania econômica. A retaliação sobre produtos, dividendos, royalties e serviços de empresas de capital norte-americano operando no Brasil não deve ser vista como hostilidade, mas como um gesto de autoproteção e equilíbrio nas relações comerciais.
Adicionalmente, a aceleração da desdolarização nas transações comerciais internas dos BRICS e com o resto do mundo tornou-se uma urgência estratégica. A dependência exclusiva do dólar como moeda de liquidação internacional expõe economias como a brasileira a choques externos e instabilidades inerentes às políticas monetárias do Federal Reserve. A promoção de mecanismos bilaterais de comércio em moedas locais no âmbito dos BRICS é fundamental para fortalecer a autonomia financeira do Brasil e mitigar vulnerabilidades a pressões externas, contribuindo para uma reconfiguração mais equitativa do sistema financeiro global.
Alinhamentos Políticos Internos e o Impacto do Populismo
É imperativo analisar criticamente os alinhamentos políticos internos que se coadunam com essa agenda de interferência externa. A defesa de figuras como Donald Trump por parte de lideranças políticas brasileiras, exemplificada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao exibir o boné “Make America Great Again” e cumprimentar o ex-presidente após suas ameaças, é prejudicial à política externa e à imagem do Brasil.
Esse alinhamento demonstra uma perigosa subserviência ideológica, que confunde os interesses de nações soberanas com ambições pessoais de líderes populistas. O “trumpismo” e, por extensão, o “bolsonarismo”, tendem a priorizar agendas personalistas em detrimento dos interesses estratégicos e da soberania nacional. Essa conduta deve ser objeto de rigorosa avaliação por parte das forças democráticas, que devem defender a primazia dos interesses do Estado brasileiro.
O Caminho para um Futuro Soberano e Próspero
Diante desse cenário complexo, é crucial que o Brasil mantenha uma postura unificada e resoluta. A soberania nacional não é negociável, e qualquer tentativa de interferência externa deve ser veementemente repudiada. O Brasil tem a capacidade de transformar crises em oportunidades, fortalecendo sua economia e sua posição no cenário internacional através da união de seu povo e da firmeza de suas lideranças.
Para um futuro próspero e soberano, o Brasil precisa ser protagonista de sua própria história, pautado em pilares estratégicos:
- Soberania Econômica: Essencialmente ligada ao desenvolvimento científico e tecnológico estratégico. Investir em pesquisa, inovação e capacitação de talentos é fundamental para agregar valor à produção nacional e reduzir a dependência tecnológica.
- Soberania Política: Requer forte resistência moral e prática a qualquer tentativa de ingerência externa. Isso implica a defesa inegociável da autodeterminação e da não-intervenção.
- Soberania Tecnológica: Depende de um robusto incentivo à educação científica e do controle nacional sobre dados, riquezas naturais, empresas estratégicas e território. A proteção de ativos digitais e recursos estratégicos é vital para a segurança nacional e o desenvolvimento autônomo.
A resiliência histórica do Brasil e a riqueza de seus recursos e talentos conferem-lhe a capacidade de superar adversidades e consolidar sua posição como uma nação forte e relevante no cenário global.
As reações comandadas e articuladas pelo governo Lula estão corretas. No entanto, há um sério problema nesse posicionamento estratégico, pois ele se concentra excessivamente no debate e na mobilização de apenas um setor da sociedade brasileira, o setor empresarial. Isso negligencia a necessidade de mobilização de entidades e associações populares para a defesa contra esse ataque ao país e para a educação cívica da população em defesa de sua nação, sua bandeira e seus valores pátrios. Essa mobilização popular é crucial para confrontar grupos que se fortalecem ao se apropriar e vender esses valores, conspirando abertamente contra o Brasil em defesa de interesses mesquinhos e antipopulares.
Juntos, podemos construir um futuro mais justo e próspero para todos os brasileiros, reafirmando a força e a grandeza de nossa nação.
Amaury Monteiro Jr

Engenheiro Civil, atua no movimento Geração 68 Sempre na Luta


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