Estamos assistindo, diagnosticando, e não recomendando remédios.

Francisco Celso Calmon

Uma indagação que vem me azucrinando: por que A MÍDIA vem dando tanto espaço a um traidor e agente do Trump?

O biltre só faz jogar merda no ventilador de nossa democracia, não presta nenhum serviço digno de espaço. Cada mais idiossincrasia que comete, mais a mídia divulga.

Será que querem ver o circo pegar fogo? Ou o pano de fundo desse script é um novo golpe?

É sintoma de um jogo perigoso, onde a espetacularização da política alimenta o caos.

Trump e seus capangas podem até dançar sobre os escombros do poder, mas o agredido não esquece a agressão sofrida, a história registra e, com o tempo, cobra.

O presidente norte-americano não será esquecido e os EUA estarão gravados pela história como um aliado inconfiável, desonesto, e confirmam o mantra: países não têm amigos, têm interesses.

Trump é o violador de soberanias e de meninas púberes, e seu fantoche favorito, Bolsonaro, não por acaso, é um terrorista e depravado moral, que atentou contra a democracia brasileira e teve a bandalhice de dizer que “pintou um clima” entre ele e jovens venezuelanas de 14 anos.

Nós x eles. Eles, extrema-direita; eles, super ricos; eles, antipatriotas, entreguistas e sabujos dos ianques imperialistas.

O Ministro Moraes às vezes morde de menos e assopra demais.

Essa prisão domiciliar do criminoso Bolsonaro pouco retirou da liberdade de articular atentados ao Estado democrático de direito e oportunizou encontros da cúpula da extrema-direita em visita à sua confortável prisão domiciliar.

Prisão domiciliar para golpistas é como dar um isqueiro a um piromaníaco e pedir moderação.

Essa tática homeopática só estende e alimenta o clima golpista e a articulação subversiva à Constituição. Razões técnicas para a prisão preventiva do meliante existem há algum tempo.

Enquanto isso, a esquerda enfrenta seus próprios fantasmas.

A geração 68 ainda não foi substituída. Seus quadros ativos permanecem como protagonistas da luta de classes. Entenderam as demandas identitárias, porém, sem embarcar no identitarismo que fraciona a luta da classe trabalhadora, cujo destino histórico é o socialismo.

Preocupa quadros identitários que se comportam como se a história tivesse começado com eles, a ponto de não conhecerem a vida política do século passado e não estudarem para tirar lições do ano internacional de luta de 1968.

Usam a plataforma da soberba e se dedicam ao auto marketing, cultivando a própria imagem, em regra voltado para o cercadinho eleitoral e abandono da luta social.

 A luta de classe verdadeira não terá espaço para crescer se a frente da esquerda for tomada por personagens que só falam com a sua bolha, que não têm senso de autocrítica e humildade para admitir que a classe operária como um todo produz política e conhecimento a todo momento.

Se durante as eleições são humildes, solícitos e simpáticos, uma vez eleitos, o sapato alto, a arrogância e a inacessibilidade passam a ser parte de seus caráteres.

Estamos numa conjuntura potencialmente trágica, não é teoria da conspiração afirmar que a extrema-direita está preparando condições para um golpe de estado, com incentivo e patrocínio do imperialismo ianque.

Duas contradições na atualidade são as principais: uma, democracia versus o neonazifascismo, nacional (bolsonarismo) e internacional (trumpismo); duas, a soberania nacional e a intervenção do decadente império estadunidense.

A provocação de uma instabilidade institucional, a figura de um líder da extrema-direita em condições de intentar um golpe, os EUA farão a sua parte, como fizeram 64.

Com quem podemos contar: com o NÓS e com os patriotas.

É necessário, contudo, que haja um plano para organizar, conscientizar e mobilizar a nação.

Em 64 havia organizações, conscientização, não houve planejamento e comando.

Se temer a invasão do país pelos EUA, como foi temida pelo Jango no golpe de 64, então sempre haveremos de ceder. 

É hora de cultivar menos o personalismo e mais o patriotismo coletivo.

Lula abraçou alguns inimigos ideológicos, supondo que seriam apenas adversários políticos.

Mas, há sempre uma linha tênue entre tática de conciliação nacional e concessão excessiva a quem ainda conspira nos porões.

 Enaltecem acertadamente que os três Poderes são independentes e harmônicos entre si.

É um binômio. Não é ora um, ora outro. Devem andar unidos. São conceitos diferentes que formam uma unidade. Podem divergir em suas diferenças sem deixar de a harmonia, conforme a alma da Constituição de 88.

Se criar uma dualidade antagônica, estará em dissonância com a Carta Magna. E no mesmo sentido há de realçar algumas atribuições ao Executivo que o torna singular.

Há de se saber: as Forças Armadas estão subordinadas ao Presidente, que é o seu comandante em chefe. E mais e sobretudo: o Presidente é chefe de governo e chefe de Estado.

É crucial compreender o quão importante é o fato das FFAA estarem subordinadas ao presidente, pois, como a história bem nos lembra, quando quartéis deixam de ser casernas para virar palanques da agitação, à sombra do golpe volta a rondar.

Portanto, é o presidente, no caso, Lula, que tem a prerrogativa e o dever de defender a soberania da nação.

Ser chefe de Estado é ser a figura pública mandatária que representa a unidade e a legitimidade de um Estado soberano. É encarnar a resistência da nação ante potências estrangeiras e seus capachos internos. Exige pulso firme contra entreguistas com ou sem toga ou farda.

Se pudesse cochichar nos ouvidos do Lula diria: Presidente, dia 25 de agosto é comemorado o Dia do Soldado, participe da ordem dia, da celebração e enalteça que o verdadeiro soldado é o guardião da pátria em qualquer circunstância ante ao perigo de uma potência estrangeira que cobice as nossas riquezas. 


Francisco Celso Calmon

Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Foi líder estudantil no ES e Rio de Janeiro. Participou da resistência armada à ditadura militar, sendo sequestrado e torturado. Formado em análise de sistemas, advocacia e administração de empresas. Foi gestor de empresas pública, privada e estatal. Membro da Frente Brasil Popular. Autor dos livros “Sequestro moral e o PT com isso?” e “Combates pela Democracia”, coautor dos Livros “Resistência ao Golpe de 2016” e “Uma sentença anunciada – O Processo Lula”. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Articulista de jornais e livros, coordenador do canal Pororoca.



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