Começa, agora, a fase final da justiça de transição reversa

Francisco Celso Calmon

As sementes do novo foram lançadas, o velho está em declínio, é questão de pouco tempo para o novo assumir o seu lugar e o velho viver seus últimos suspiros.

Este processo é irreversível, alimentado pela consciência de um povo que não mais aceita ser subjugado. A marcha progressista não cede ao retrocesso.

O imperialismo terrorista de Trump nos leva a concluir que, sem autonomia em relação ao dólar e sem um poder dissuasório militar, ficaremos reféns.

As Forças Armadas esperam a virada de página após o julgamento da intentona golpista de 8 de janeiro de 2023. É necessário salientar que eventual virada de página não significa apagamento ou esquecimento. Pois não se arranca as páginas do livro da História. Lembrar sempre, esquecer, jamais.

O respeito à história do Brasil e à Constituição exige que defendam a nação, e não os interesses de uma minoria entreguista e golpista.

Querem enxovalhar o Brasil, querem tornar o país satélite dos EUA, querem acabar com a soberania e a democracia.

E quem são eles? Em primeiríssimo lugar o próprio imperialismo estadunidense e os seus aliados internos, sabujos e antipatriotas bolsonaristas, em segundo o Congresso, e em terceiro o governador da São Paulo.

Tarcísio, ao dizer que não confia na Justiça, esquecendo ou menosprezando ou desprezando a Constituição, demonstra não confiar no Estado brasileiro. É a mesma justiça, o mesmo judiciário, que ele, neste momento, por conta do julgamento de Bolsonaro, diz não confiar, é o mesmo judiciário que garantiu a sua eleição e sua diplomação.

Cada vez mais o Tarcísio vai arrancando a máscara, se é que teve um dia uma máscara de democrata. Está mostrando sem pudor nenhum que é um autocrata, potencialmente ditatorial, e fascista.

É um homem sem preparo para governar um Estado que não conhecia, e ainda menos para governar um Brasil que ele despreza. Pois é sabujo dos Estados Unidos e do Trump.

Quanto ao Trump não conseguimos acabar, mas combater, quanto aos seus sabujos, serão extirpados da política pelo resultado do julgamento histórico da intentona de 8 de janeiro de 2023.

Já em relação ao Congresso, se todos os democratas progressistas se dedicarem com muito empenho e sabedoria, sem medo, há de se conseguir um Congresso não plutocrata, nem reacionário e conservador como o atual – o pior da história do Parlamento nacional. 

Não só a caixa de pandora que foi aberta, não foi só a tampa do bueiro levantada, foi sobretudo os portões do inferno escancarados, deixando correr soltos as fúrias bolsonaristas, filhos das trevas.

É no Estado democrático de direito que há o instituto da anistia, e quando é Ele a vítima, não pode haver perdão.

Autoanistia violenta o princípio da impessoalidade, cultiva a impunidade, desonra o país ante os juristas e às Cortes internacionais.

A violência com que Tarcísio bate com o martelo da privatização, mostrando mais fúria do que satisfação, é a demonstração do ódio que nutre pelo público e pelo estatal, verdadeiro escárnio ao patrimônio do estado de SP.

Sua gestão é a antítese do bem comum, um projeto de desmonte dos direitos humanos e do patrimônio do povo de SP, que serve apenas aos apetites vorazes do mercado internacional e das milícias.

É um aventureiro sem cor, camaleônico, golpista de carteirinha de ex-capitão do Exército, frio, calculista. Fez parte do governo Dilma como diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), fez parte do governo Bolsonaro, foi candidato do maior estado do país sem conhecê-lo.

 Só um irresponsável se aventuraria a tal mister sem competência. De pronto, se apoiou na PM e nas milícias.

Tem cara de matador e coração de assassino; peguem sua foto e coloque ao lado de assassinos e pistoleiros famosos e verão a semelhança.

Quanto a desejosa virada de página pelas forças armadas, não nos apressemos, porque carece do pedido de perdão à nação, pelo seu caráter golpista e pela brutal e criminosa ditadura de 21 anos.


Francisco Celso Calmon

Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Foi líder estudantil no ES e Rio de Janeiro. Participou da resistência armada à ditadura militar, sendo sequestrado e torturado. Formado em análise de sistemas, advocacia e administração de empresas. Foi gestor de empresas pública, privada e estatal. Membro da Frente Brasil Popular. Autor dos livros “Sequestro moral e o PT com isso?” e “Combates pela Democracia”, coautor dos Livros “Resistência ao Golpe de 2016” e “Uma sentença anunciada – O Processo Lula”. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Articulista de jornais e livros, coordenador do canal Pororoca.



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