Carlos Eduardo Pestana Magalhães (Gato)
O ódio e a violência dos homens não são pelas mulheres, mas pelo que elas representam. Suas conquistas nas últimas décadas, fruto das lutas muitas vezes sangrentas em inúmeras frentes, deram às mulheres algo a mais que os homens, de maneira geral, não tem.
Aliado às sensibilidades, as emoções, a capacidade de compreensão e a uma inteligência sagaz e profunda, esse périplo, verdadeira Odisseia, conferiu às mulheres guerreiras, lutadoras, corajosas uma fundamental diferença, um patamar a mais que assusta terrivelmente os homens.
Não todos, mas a maioria que ainda vive sob uma cultura machista e supremacista, onde as mulheres só existem para servi-los em todas as suas necessidades.
A transformação irreversível alcançada por elas tem a ver com liberdades, com força, autonomia, de serem donas do próprio corpo, coração e mente. Isso é estarrecedor, é ainda inadmissível, não está e nunca esteve no “radar” da masculinidade, especialmente da tóxica, da racista, do macho alfa que desconta nas mulheres suas frustrações de todos os tipos, usando da força física para tentar diminuir a forte presença feminina em todos os setores da sociedade, mesmo naqueles que tentam fechar a porta para as mulheres.
Não estão conseguindo e isso deixa esses espécimes predadores especialmente ofendidos e raivosos.
As mulheres estão mostrando e provando que são superiores e melhores que os homens não por uma razão fisiológica, visto que deste ponto de vista somos iguais, porém diferentes sexualmente falando.
Mostram pelas conquistas, pelo que fizeram, aprenderam e continuam aprendendo, mesmo tendo sido massacradas, violentadas, estupradas, espancadas, torturadas, queimadas, assassinadas há milênios em quase todas civilizações e culturas que o mundo conheceu.
A sobrevivência delas foi fruto dessa luta mesmo quando aconteceu na surdina, no escuro, no silêncio e no medo de serem descobertas. Alcançou mais força quando partiram para o confronto direto, para o enfrentamento até físico muitas vezes e mesmo assim, apanhando, sendo presas, espancadas, não desistiram, foram em frente.
Essa Coragem, assustadora para esses homens tóxicos, não só garantiu, como ainda garante, conquistas em todos os níveis e passou a ser o sobrenome de todas as mulheres.
Sejam Sônias, Anas, Marinas, Joanas, Selmas, Reginas, Elizabeth’s, Marlis, Shellas, Lúcias, Veras, Lias, Claras, Valerias, Roses, Cláudias, Marias e Clarisses, não importa o primeiro nome, o sobrenome de todas é Coragem…
Nessa guerra que ainda não acabou, a vitória delas será de todos, inclusive dos homens, pois serão libertados das correntes do machismo, da violência que definiram e ainda definem, o comportamento da maioria deles frente às mulheres.
O final dessa luta insana resultará numa redenção para todos, essa igualdade e respeito conquistados nortearão o futuro em qualquer rincão do planeta, mesmo que em alguns lugares, por razões históricas, culturais e pretensamente religiosas, leve mais tempo. Mas, chegará lá, com certeza…
O homem não tem que ceder espaço para as mulheres, não é essa a questão. Homens precisam apenas respeitar todas elas da mesma forma que se auto respeitam. Ou se é igual ou não existe tal coisa. Tão simples.
E essa igualdade está sendo conquistada paulatinamente, na velocidade de cada mulher, de cada estamento, de cada classe social, de cada local, país ou em qualquer lugar onde elas, sozinhas ou num coletivo, estejam lutando.
É mais do que hora dos homens estarem nessa luta, ombro-a-ombro, pois como em toda em luta por independência, autonomia, respeito, em suma, pela vida, pelos direitos humanos, sempre vale a pena e é fundamental, é como respirar. Vamos nessa?
Carlos Eduardo Pestana Magalhães (Gato)

Jornalista, sociólogo, membro da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, do Grupo Tortura Nunca Mais e da Geração 68 Sempre na Luta.



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