Estupefata com as cenas que vi ontem. Imagens dantescas. O Brasil sendo debochado, aviltado, violentado. Destruíram o país institucionalmente e agora concretamente. Um crime contra a instituição maior do Estado: a Corte Suprema e contra o poder maior: o do povo. Atos terroristas gritos rasgantes de abutres. Uma verdadeira barbárie. Jesus vendo isso não diria: “Perdoai, Senhor, eles não sabem o que fazem” . Sabem sim! Reza a lenda que Nero tocava violino enquanto Roma pegava fogo. Aqui os policiais degustavam água de coco.
Uma dor lancinante se abate sobre Di Cavalcanti ao ver suas mulheres, “As Mulatas”, sendo estupradas pela fúria dos desumanos. A arte não foi salva. As horas de sono durante a noite de 08 de janeiro de 2023 não foram suficientes para acalmar meu coração que tem a ousadia de guardar o mundo em mim. Capítulos e temporadas surgirão para mostrar, esclarecer, confundir, desvirtuar, omitir a narrativa dessa página infeliz da nossa história.
Ainda assim, quero curar minha decepção e desgosto com a humanidade. Quero imaginar que amanhã poderá ser um lindo dia da mais louca alegria. Quero acreditar porque vivi essa alegria na posse do Lula, no dia 01 de janeiro de 2023, quando o êxtase do meu ser em dança abrandava os temores dos incrédulos quatro anos de podres poderes. Agora quero ver quem paga pra gente ficar assim. O que dirá minha neta amanhã? O que eu direi para ela? Sinto muito Cazuza, é pouco dizer que toda essa farsa já veio malhada antes de eu nascer.
E agora, pra onde vai a estrada? Alguém pode me dizer a resposta? Nesse exato instante eu que eu me pergunto, toca no celular a música “Fé cega, faca amolada” ( Beto Guedes): “deixar o amor crescer, brilhar, acontecer … beber o vinho e renascer na luz de cada dia”. A vida tem essas coisas engraçadas, quer brincar de ser feliz. Que assim seja!
Fortaleza, manhã de sol em 09 de janeiro de 2023.
Betania Moura nasceu no Crato, município do Vale do Cariri, no Ceará, em 1958. Traz nas veias o sertão, a serra e o litoral. Mora em Fortaleza. Facilitadora didata em Biodança e membro do Colegiado da Universidade Biocêntrica. Especialista em Psicologia Transpessoal. Especialista em Escrita Literária. Autora do livro A Roda das Deusas – deusa arquétipo do feminino (2017) e de Anjos Buracos Pedras e Moinhos (crônicas, 2022). Membro da Academia Cedrense de Letras –ACL.




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