A Arábia Saudita é uma ditadura. A mais longeva das ditaduras. A mais cruel também: ela mata crianças Iemenitas com armas dos EUA. A mais intolerante também: dita até o vestuário das pessoas. Lá as mulheres são quase nada perto dos homens que são quase tudo. Lá o fundamentalismo islâmico dá a primeira e a última palavra. A Arábia Saudita também mata jornalistas. Mas a Arábia Saudita é o segundo maior produtor de petróleo do mundo!
Na Arábia Saudita, entretanto e portanto, Bolsonaro estava em casa. Muito em casa. Aquela brabeza “democrática” toda contra a ditadura venezuelana era apenas bravata. Quem sabe se a Venezuela pudesse cobrir a propina saudita?…
Por várias vezes, Bolsonaro tentou contrabandear os “presentes”, relógios, colares, brincos, descobertos na mochila de um assessor. Mas a Receita não deixou. Os fiscais da Receita, servidores públicos com estabilidade na carreira prevista em lei, não deixaram. Nem mesmo quando Bolsonaro, enquanto presidente, enviou um ofício requerendo a devolução da muamba. Não! Os servidores de carreira com estabilidade prevista em lei não deixaram.
Em 2019, em Sevilha, foram encontrados 39 kilos de cocaína pura na “mochila” de um outro assessor, um militar, dentro do avião presidencial em missão oficial. A PF concluiu que houve uma associação criminosa no uso do avião da FAB para tráfico de drogas!
Tráfico e contrabando. Sim, o ex-presidente esteve no meio de dois casos espúrios. Esteve também no meio de umas meninas que, segundo ele, queriam fazer programa. As meninas tinham entre 14 e 15 anos. “Pintou um clima”, disse o tiozão da moto. As adolescentes, venezuelanas, não eram garotas de programa. Tudo fantasia da cabecinha maliciosa do tiozão da motociata.
“O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, com a devida adequação, também são os lemas mesmo dos sauditas. “Deus, pátria e família”, outro lema sauditável. Tudo bravata! Ostentação hipócrita! Típico de quem não sabe explicar como sua família conseguiu comprar, desde 1990, 107 imóveis, 51 pagos em espécie. Ora, que família de classe média não conseguiu a mesma façanha neste últimos anos, né? Quem não tem o costume de pagar transações de 25 milhões em notas vivas, né? Que chefe de família de classe média nunca deu à esposa um colar de diamantes?
O curioso é que a Arábia Saudita não produz diamante. Os diamantes presenteados à irmã Michelle pelos brothers sauditas devem ter vindo de Botsuana, Congo ou África do Sul, países da região de onde são extraídos dois terços dos diamantes do mundo, comumente chamados de diamantes de sangue.
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Dilson Cunha é arquiteto, historiador e artista plástico.



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