8 anos sem Therezinha Zerbini

Encontrei com Dona Therezinha pela primeira vez em 19/11/99, dia do aniversário do meu companheiro, que a convidou para tomar uns drinks e conhecer sua namorada, o suficiente para ela decretar que seria nosso noivado e assim aquela comemoração foi nomeada definitivamente. Foi uma festa e tanto, onde ela brilhou com sua alegria e vivacidade, todos girávamos em torno dela e de suas histórias.

Naquela mesa, todos tinham muito a agradecer a Therezinha Zerbini pela sua luta incansável pelos Direitos Humanos e principalmente pelo Movimento Feminino pela Anistia, embrião do Comitê Brasileiro pela Anistia, que ela fundou em 1975 e liderou com coragem e determinação. Dona Therezinha sempre dizia que a Anistia alcançada não foi a ideal, mas foi a possível naquele momento.

A partir daquela data passamos a nos encontrar com frequência. Aprendi muito com aquela Senhora de lindos olhos azuis e voz suave, mas dura e inflexível quando necessário. Eu muito afoita e às vezes raivosa, sempre ouvia dela: “Filhinha não deixe de lutar pelo que acredita, mas sempre com Amor no coração”.

Foi presa no início de 1970, por ter ajudado frei Tito a conseguir o sitio em Ibiúna onde seria realizado o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Foram buscá-la em sua casa, chegaram durante o jantar da família, mas tiveram que esperar que este terminasse, enquanto foi lhes servido um café. Foi levada à Oban: Operação Bandeirantes, DOPS e finalmente ao Presídio Tiradentes, onde ficou por 6 meses e foi companheira de cela de uma moça, como dizia, muito organizada e determinada, que viria a ser Presidenta do Brasil em 2011, Dilma Rousseff.

Ao lado de Leonel Brizola, lutou para refundar o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), mas perderam a sigla para Ivete Vargas. Então fundaram o PDT : Partido Democrático Brasileiro. Em 2014, foi homenageada pela Prefeitura de São Paulo em reconhecimento a sua luta durante a ditadura militar. Faleceu em 2015, enquanto lutávamos para evitar que a Presidenta Dilma fosse golpeada, Dona Therezinha não pôde participar desta luta, mas esteve em meus pensamentos em todas as Manifestações nas quais estive presente e sempre estará.

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Elizabeth Maria Costa de Oliveira é Bióloga com Mestrado e Doutoramento em Ciências nas áreas de Genética e Bioquímica. Compõe a equipe de Redes Sociais do Movimento Geração 68.