À brava gente estudantil!

Francisco Celso Calmon

Mais uma vez na história são os estudantes que tomam a dianteira na luta contra o sistema beligerante, contra a guerra, contra a mortandade genocida, e pela paz. 

As juventudes do Canadá, França, México, Austrália, Irlanda e Suíça, em meio a uma repressão aos estudantes nos Estados Unidos e ao número crescente de mortes na guerra de Israel em Gaza, se manifestam pelo fim do genocídio e pela criação do Estado Palestino.

Isso nos remete às manifestações contra a guerra do Vietnã, quando 60 mil protestaram, no parque central de Nova York, em abril 1968, para pedir paz e o fim da guerra.

A repressão à época ampliou o rastilho e o pavio foi aceso.

Manifestações antiguerra atraíram um número crescente de manifestantes em todo o mundo, e o auge internacional foi no ano de 1968.

A repressão aumentou e os protestos também. 

A guerra do Vietnã foi a primeira guerra televisada. 

“Em 1966 foi estimado pelos órgãos do EUA que 93% das famílias americanas assistiam os horrores da guerra. O público viu, por exemplo, quase em tempo real, que os vietcongues eram capazes de infligir derrotas às tropas americanas, e as famílias assistiam no sofá de sua casa.

 A partir de 1968, a cobertura foi amplamente desfavorável à guerra – imagens de civis inocentes sendo mortos, mutilados e torturados foram exibidas na TV e nos jornais e muitos americanos ficaram horrorizados e se voltaram contra a guerra.  Um enorme movimento de protesto surgiu com grandes eventos em todo o país. Em uma dessas manifestações, em 4 de maio de 1970, quatro manifestantes estudantis pacíficos na Kent State University em Ohio (EUA) foram mortos a tiros por guardas nacionais. O Massacre do Estado de Kent fez com que mais pessoas se voltassem contra a guerra. 

Os EUA perderam a batalha da aprovação pública à guerra do Vietnã”. (Recortes).

 Em 1973 os EUA abandonaram o teatro de operações no Vietnã e deixaram o Vietnã do Sul a própria sorte, e não durou muito para capitular, abril de 1975.

As manifestações contra guerra são associadas internamente pelos cidadãos estadunidenses àquelas ocorridas nos Estados Unidos, pelo fim da Guerra do Vietnã e pela paz mundial.

Parecem repetir o script: intolerância, repressão e censura, e isso num país que se gaba de ser democrático.

A juventude estudantil brasileira ainda não saiu em solidariedade e se associar ao movimento pela paz e pela criação do Estado Palestino.

Deveria engrossar o movimento que se avizinha mundial, antes que a extrema-direita e a Globo se apropriem e deformem como fizeram em 2013. 

O marasmo político das ruas e do movimento estudantil pode ser superado e produzir uma dinâmica em 2024, como fizemos em 1968, o ano que não terminou.

E a hora e vez da UBES, AMES, UNE, DCES, assumirem o protagonismo do destino da atual e da futura geração.

Francisco Celso Calmon

Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Foi líder estudantil no ES e Rio de Janeiro. Participou da resistência armada à ditadura militar, sendo sequestrado e torturado. Formado em análise de sistemas, advocacia e administração de empresas. Foi gestor de empresas pública, privada e estatal. Membro da Frente Brasil Popular. Autor dos livros “Sequestro moral e o PT com isso?” e “Combates pela Democracia”, coautor dos Livros “Resistência ao Golpe de 2016” e “Uma sentença anunciada – O Processo Lula”. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Articulista de jornais e livros, coordenador do canal Pororoca.


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