Ainda há dentro da esquerda quem não considera a corporação militar brasileira, especialmente o exército, como um grupo de gângsteres, milicianos mercenários e golpistas que sempre foram desde a criação. Preferem achar ou pontuar alguns elementos fascistas, algo como maçãs podres dentro de um balaio neutro.
Tipo identificar esse ou aquele grupo de milicos como únicos responsáveis pelos golpes, pelas torturas, pelos assassinatos e desaparecimento dos corpos. Papo furado…
Não conseguem enxergar, sabe-se lá por qual razão, que a eliminação dos opositores da ditadura, fossem ou não da luta armada, era um projeto, um programa de ação repressiva sob controle estrito do ditador de plantão e sempre sob direção e mando do exército (DOI-Codi).
Jamais foram casos isolados, ações de tresloucados oficiais, suboficiais e soldados. E nada mudou na corporação militar hoje em dia, não existem oficiais legalistas, é mais uma lenda urbana que não se sustenta pela História…
São todos golpistas de mãos cheias, continuam se achando diferenciados dos “paisanos”, dos civis por terem acesso a armas, brinquedinhos de segunda mão para garantir a única função real e concreta que tem na História: manter a ocupação militar do próprio território nacional para controlar a população e sempre que necessário agir de forma violenta, cruel e covarde contra o povo desarmado.
Essa é a principal missão das forças armadas, nada a ver com a mentira ideológica de proteger o país, a soberania, as fronteiras do inimigo externo. O exército ao longo da História matou mais brasileiros dentro do país do que estrangeiros…
Outra mentira é que não foram alguns fascistas que se infiltraram nas hostes militares e conseguiram adeptos e apoio ao golpe. O dinheiro para os golpes, sempre ele, veio do Capital nacional basicamente, mas também do internacional, nas figuras do OGROnegócio, banqueiros, empresários (inclusive da grande imprensa), políticos, do tráfico, do crime organizado (milícias, PCCs da vida e semelhantes).
A corporação militar, especialmente o exército, estão mergulhados nesse esgoto até o último fio de cabelo, vivem da miséria do povo, do dinheiro de todos os lados, pouco importa a origem. Pagou, levou, é o lema…
São assassinos, bandidos, golpistas, por natureza, está no DNA de todos eles, foram criados para isso, para controlar, invadir, reprimir, torturar, matar, manter cativos quem o Estado define como inimigo interno. Jamais respeitaram a constituição e quando se viram fragilizados quando da instalação e resultados da Comissão Nacional da Verdade, resolveram agir, na esperança de ficarem protegidos da História pelas barbáries que fizeram. Como sabem muito bem o que fizeram, precisam de proteger a qualquer custo, pouco importa o país e sua gente…
Deram o golpe na Dilma, apoiaram o golpista Temer e o genocida em 2020 na esperança de não mais largarem o governo. E para se manterem na administração federal, estadual e municipal, alargando ainda mais seus tentáculos, fazem qualquer coisa. Todos os generais do exército do alto comando sabiam do golpe e nada fizeram para impedir.
Os que não apoiaram, o fizeram porque sabiam que não haveria na conjuntura nacional e internacional nenhum reconhecimento de ninguém, estariam isolados, só por isso. Mas, nem por isso prenderam os oficiais que estavam no golpe. Todos sabiam de tudo e de todos participantes, não havia e não há inocentes nessa história…
Nada fizeram, contemplaram, ficaram à margem, deixaram correr. O dia 8 de janeiro de 20023 deixa bem claro tudo isso. Se tivesse dado certo, com certeza as forças armadas estariam apoiando toda a destruição dos três poderes feita pelos terroristas na ocasião, com suporte integral da PM de Brasília. O GLO, se fosse implantado como queriam os golpistas, seria a dica dos milicos entrarem em cena para controlar o Estado, apesar do resultado eleitoral que deu vitória ao candidato Lula. Seria um golpe perfeito, dentro da “legalidade”…
Militar no Brasil representa uma gente da pior espécie, uma casta exploradora ao máximo, são um bando de mercenários que fazem qualquer coisa desde paguem, não são confiáveis e muito menos uma “mão amiga”. A mão estendida quer mais dinheiro, mais poder. A mão fechada num punho existe para bater, dominar, torturar, matar, fazer desaparecer os corpos. O resto é conversa pra boi dormir…
Carlos Eduardo Pestana Magalhães (Gato)

jornalista, sociólogo, membro da Comissão Justiça paz de São Paulo, do Grupo Tortura Nunca Mais e da Geração 68 Sempre na Luta…


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