Carlos Eduardo Pestana Magalhães (Gato)
Para aqueles, especialmente da esquerda, que ainda não entenderam que as corporações PM (Prontos pra Matar) espalhadas pelo país não são polícia, mas sim totalmente militar, há um bom exemplo para deixar claro essa tese. Em Gaza, num batalhão ou pelotão de soldados nazissionistas de israHell, um oficial ordenou a um soldado que matasse uma criança palestina com sua arma. Ele recusou.
O oficial foi até a criança, espancou, quebrou, torturou e depois matou com um tiro. De volta, disse para o soldado: “aquela coisa não é uma criança. É um inimigo a ser abatido. Quando receber uma ordem de matar, mate, essa é sua obrigação.” Isso aconteceu, foi divulgado pelas redes sociais há alguns dias e reflete muito bem a lógica militar em qualquer lugar do mundo.
Pois é exatamente isso que acontece no Brasil. As corporações militares fantasiadas de polícia fazem a mesma coisa, são soldados profissionais adestrados e preparados para o combate, para a guerra, para matar, para receber ordem e cumprir. A invasão de uma favela, as patrulhas a noite, tudo isso são operações militares e não policiais.
A ordem é manter o controle nas ocupações, sempre a partir do uso intensivo das armas de guerra que portam. Sem falar das interfaces com o crime organizado onde recebem grana para proteger e garantir o bom funcionamento do tráfico (armas, drogas e seres humanos).
Quando algo rompe o contrato, quando alguém quer receber mais, começam os conflitos. Foi o que aconteceu nas favelas na Baixada Santista (Guarujá, São Vicente e Cubatão) onde as lideranças do tráfico tiveram problemas com a PM. Foi o gatilho para a Operação Verão, na prática uma operação de guerra de ocupação, vingança e controle da região.
Sempre é a lógica militar à frente, é a marca da presença das forças armadas, em especial o exército, na repressão, na ocupação e controle do país. O conceito de inimigo interno sempre existiu na História brasileira, não foi criação do período da guerra fria, do pós guerra.
Desde as capitanias hereditárias que o inimigo interno é o povo, os escravos indígenas e os negros escravizados da África. De lá para cá, aumentou o número de inimigos internos, desde os trabalhadores escravizados ou não, para os grupos, partidos, organizações políticas de esquerda etc.
A guerra fria solidifica o conceito de inimigo interno ao incorporar majoritariamente, em algumas conjunturas, as organizações e partidos políticos de esquerda quando na oposição aos governos de direita e/ou ditaduras.
E tem sido assim até hoje, haja visto o crescimento das corporações militares e/ou militarizadas na tarefa de reprimir com violência, crueldade e letalidade a maior parte da população do país, de preferência os mais precarizados e os escravos de sempre.
Carlos Eduardo Pestana Magalhães (Gato)
Jornalista, sociólogo, membro da Comissão Justiça paz de São Paulo, do Grupo Tortura Nunca Mais e da Geração 68 Sempre na Luta…



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