Tomas Togni Tarquinio
O gráfico mostra que, entre 1750 e 2020 (270 anos), as emissões totais mundiais de dióxido de carbono (CO2) carbono originários de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás) foram da ordem de 1.700 bilhões de toneladas.

O gráfico repartiu essas emissões totais em quatro partes, cada uma correspondendo a 25% das emissões de CO2 totais. Assim, foram necessários 220 anos (1750 a 1970) para que as emissões de CO2 alcançassem 25% do total emitido até 2020. Em seguida, foram necessários 22 anos (1970 a 1992) para emitir os 25% seguintes. Depois, foram necessários 16 anos (1992 a 2008) para emitir o terceiro 25%; para, finalmente, levar 12 anos (1992 a 2020) para emitir o último 25%.
Em outras palavras, metade de todas as emissões de gás carbónico originárias de combustíveis fósseis lançados na atmosfera após o advento da sociedade termo industrial foram realizadas a partir de 1992.
Ou seja, a partir do mesmo ano quando 190 países adotaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) cujo objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa, particularmente o CO2 de origem fóssil.
Metade dos problemas criados pela mudança climática que estamos assistindo são resultantes das emissões lançadas na atmosfera nos últimos 30 anos.
Em outros termos, a mudança climática é consequência do modo de produção e consumo de bens e serviços que beneficia apenas uma parte da população do mundo. E que, evidentemente, será impossível estendê-lo aos excluídos.
Enquanto isso, o consumo de energia fóssil segue crescendo, as energias de baixo carbono sequer compensam a taxa de crescimento do consumo total de todas as fontes de energia.
O gráfico em questão coloca em evidência o principal argumento a favor da redução de extração e consumo de energias fósseis, seja onde for inclusive na Margem Equatorial ou Foz do Amazonas.
Ou reduzimos o consumo até alcançar uma quantidade de emissões de carbono que o planeta tenha condições de absorvê-lo naturalmente, seja através da fotossíntese, seja através de seu contato com os oceanos; ou uma parte significativa de territórios do planeta se tornará inabitável aos seres humanos e não-humanos. Em pouco tempo, questão de décadas.
Conclusão, as políticas ambientais seguem sendo um fracasso retumbante.
Fonte gráfico: Ramblinactivist.
Tomás Togni Tarquínio

Formado em Antropologia e Prospectiva Ambiental na França. Desde 1977, trabalhou em diversas instituições francesas e europeias pioneiras sobre: energia, ecologia política, meio ambiente, decrescimento e colapso da sociedade termo-industrial. Foi Secretário do Governo do Amapá, por ocasião da execução do pioneiro Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Amapá (PDSA); trabalhou no MMA e Senado.




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