Unir a experiência histórica no ativismo da Geração 68 à energia da juventude e demais lutadores pela democracia

Fred Ghedini. 20 de outubro de 2025.

Outubro de 2025. Falta um ano para as próximas eleições e nós já sabemos que a luta contra o fascismo continua sendo o que une e dá uma direção ao movimento dos trabalhadores, dos excluídos, da juventude e dos democratas.

A cada nova ameaça, o Movimento Geração 68 Sempre na Luta continua firme na sua disposição de defender os ideais transformadores, rumo a uma sociedade solidária, com justiça de reparação, justiça social e o poder nas mãos de quem tem a esperança de um futuro melhor.

Neste outubro, o desafio ainda é o mesmo, da unidade das forças democráticas e transformadoras para manter a resistência e avançar tudo o que for possível. Cada eleição é uma oportunidade de levar o debate político a grandes parcelas da população, excluídas da participação efetiva na implementação de políticas efetivamente transformadoras, seja pela acomodação aos limites impostos pelos interesses hegemônicos – da qual a corrupção é apenas uma das resultantes –, limites dentro dos quais avança a destruição de vidas humanas e da natureza.

Sabemos que as lutas políticas dos trabalhadores, dos excluídos e pela democracia não se limitam às eleições. Contudo, é preciso considerar a importância das eleições como momento especiais de politização e conscientização. As lutas dos movimentos populares e sociais, as tomadas das ruas sempre que necessário e possível, continuam seja em suas pautas específicas, seja nos momentos de unidade. As recentes manifestações contra a PEC da Bandidagem dão uma prova eloquente disso.

Atuando nas redes e nas ruas

E, como a luta continua, o G68, com seu trabalho permanente de comunicação nas redes sociais, também continua iluminando um caminho promissor. Porém, não deixamos de ir às ruas, assim como não estamos sozinhos na busca da unidade necessárias.  Juntamente com a Rede Democracia e Direitos Humanos – o G68 é um dos 12 integrantes da RedeD – e com a articulação AGE Brasil, continuamos avançando em direção à necessária unidade para transformar a resistência e as vitórias obtidas em ganhos consolidados, criando as condições para novos avanços.

Num mundo em que o capitalismo lança mão do fascismo com insistência cada vez maior, ameaçando ampliar a destruição do planeta e gerando novas guerras, trazendo-as inclusive para a América Latina – vide as provocações trumpistas à Venezuela – ao fortalecer a articulação com outras nações, o Governo Lula tem sido uma referência global, posicionando-se contra a extrema-direita fascista, no poder em Israel e em outros países, e fortalecendo o multilateralismo representado pela alternativa dos BRICs.

A aproximação da COP-30 dá ao país, ainda, nova oportunidade para marcar com mais ênfase essa necessidade de barrar as iniciativas de um império que, apesar de decadente, ainda é a maior potência econômica e armamentista do mundo.

A maneira como as delegações de muitos países em todo o mundo se juntam na preparação da Conferência do Clima, e ainda como as forças populares do país se preparam para interferir nos debates, articulando-se para participar e fazer com que suas vozes sejam ouvidas em nível mundial, geram oportunidades que estão sendo construídas no quotidiano das lutas em curso.

Na conjuntura que se apresenta, continuar o trabalho de estreitamento das relações e das lutas comuns à esquerda, buscando atrair as forças democráticas que possam se aproximar e lutar junto, é uma alternativa estratégica imprescindível de ser adotada.

O papel do Movimento G68

O Movimento Geração 68 Sempre na Luta tem um desafio que não é pequeno e não pode ser ignorado. Chamar os estudantes, os partidos da esquerda e do centro, os movimentos em busca da Soberania – seja a soberania política que tão bem o governo Lula soube capitalizar diante dos ataques dos EUA, seja a soberania das articulações e organizações no terreno popular, como estão se consolidando nas periferias dos grandes centros urbanos, no campo com a atuação do MST e de outros movimentos, incluindo o dos sindicatos de trabalhadores rurais, nos ambientes das engenharias e de outros segmentos profissionais como nos casos da Saúde e da Educação, das federações sindicais, dos estudantes e da juventude em geral e dos partidos de esquerda e do centro político – a se juntarem na mobilização das forças para garantir a vitória nas próximas eleições para o Executivo, a manutenção de uma maioria no Senado e o fortalecimento das bancadas na Câmara Federal e nas assembleias legislativas em todo o país.

São coisas que podem e devem ser feitas e que se revelam em movimentos como o do combate à compra e venda de votos – em pleno crescimento –, além de muitas outras inciativas que vem sendo tomadas pelo campo popular e democrático, como as Sementes de Esperança, propostas pela deputada Luíza Erundina, para citar apenas uma.

Uma “conversa com o povo brasileiro”

Sem a intenção de monopolizar o debate, avanço uma proposta para abrir a discussão com o G68 e com todos e todas que tiverem esse interesse. Que o G68, junto com a RedeD e a articulação AGE Brasil, convidem as organizações da juventude (movimento estudantil, mas também a juventude envolvida no ambientalismo e em outras frentes de luta), as articulações das periferias brasileiras, dos partidos políticos comprometidos com as lutas democráticas – as Frente Povo sem Medo e Brasil Popular, mas não só –, os grandes movimentos sociais e das federações sindicais já envolvidas com o Pool de Canais, a colocarem na mesa suas propostas imediatas de ação, buscando uma “afinação” para as ações deste final de ano e início do próximo.

Identificar os “nós” que amarram o desenvolvimento pleno do país, encontro de vários eixos de atuação política e de elaboração de propostas, é uma forma de responder à provocação lançada pelo presidente Lula de “conversar com o povo brasileiro para saber que país queremos construir”. Isso pode ser feito em uma Conferência Nacional pelo Desenvolvimento Soberano, Inclusivo e Sustentável.

A RedeD e a articulação AGE Brasil tem se comunicado com setores do Governo Lula para organizarmos tal Conferência Nacional. O tempo é escasso para que ela aconteça antes das eleições. Contudo, se, da parte da sociedade civil, iniciamos já essa preparação, o processo de fazê-lo envolvendo as formulações encontradas pelos movimentos sociais até o momento – no campo, nas cidades, nas universidades e centros de pesquisa e nas áreas de planejamento do Governo Federal, estaremos abrindo um caminho para que a próxima eleição seja mais politizada e menos “eleitoreira”.

Mais política e menos eleitoralismo nas eleições

As questões em debate poderão ser livremente propagadas e, por iniciativa dos próprios movimentos envolvidos, apresentadas a candidatos, candidatas, eleitores e eleitoras. Teríamos, assim, uma eleição mais politizada e uma possibilidade de nos reunirmos em Conferência Nacional em um novo governo, que pode muito bem ser um novo governo Lula. No entanto, seja qual for o resultado eleitoral, nada do que se fizer nessa direção será perdido.

O objetivo de as forças democráticas e populares debaterem e reunirem um conjunto de propostas de políticas públicas capazes de dar conta dos grandes nós que mantém o país amarrado à política hegemônica do capital financeiro, do “agro ogro” e outras forças que impedem o país de avançar no rumo das transformações que necessita, será sempre um elemento catalizador e promotor de novos avanços.

Isso vale para a economia – há alternativas econômicas importantes a aprofundar, seja no campo, seja nos ambientes urbanos, nas áreas de serviço assim como na indústria –, para a tecnologia, com especial destaque para o mundo digital e a necessidade de avançarmos rapidamente no rumo da soberania digital; na educação e na saúde; na preparação de nossos jovens para os desafios que temos adiante; na questão das mudanças estratégicas da produção e do consumo de energia, entre alguns outros “nós” que necessitam de políticas transversais, capazes de colocar o Brasil no rumo do verdadeiro lugar que o país pode ocupar neste momento de grandes mudanças em nível global.

Trabalhando juntos, os movimentos sociais e populares, os democratas em geral e o governo Lula, teremos condições de fortalecer as linhas das transformações que tanto precisamos e que têm sido tênues. Contudo, podem ser verdadeiramente impulsionadoras, rumo ao país que o mundo necessita.

Com altos e baixos, o Movimento Geração 68 Sempre na Luta vem construindo uma trajetória histórica. Pode e deve, agora, tomar as iniciativas políticas que estão nas suas mãos, a partir das ações e iniciativas e do trabalho que vem sendo desenvolvido por seus ativistas, nas mais diversas frentes de batalha.

À luta companheiros, companheiras e camaradas!


Fred Ghedini

Jornalista, integra as coordenações do G68 Sempre na Luta e da RedeD, participa da articulação AGE Brasil, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (foi presidente do SJSP entre 2000 e 2006), da ABI e da Associação Profissão Jornalista – APJor, que ajudou a criar e presidiu pelas três primeiras gestões.



Resposta

  1. Avatar de SandraLia

    concordo plenamente Jámais

    Podemos esmorecer!.

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