Carlos Eduardo Pestana Magalhães (Gato)
Alguns estão festejando o crescimento econômico do país, onde o PIB estará alcançando os 3,5%. Bom, mas como falou a Maria Conceição Tavares, aquela mesma, a maravilhosa e tresloucada economista luso-brasileira, ninguém come PIB. Além disso, o crescimento econômico no capitalismo é como crescer o bolo. As migalhas podem ser maiores, mas continuam sendo migalhas. Toda riqueza, o bolo todo, contínua nas mãos de poucos, da classe dominante e suas elites, e a desigualdade social, das piores do mundo, continua a mesma. Melhora um pouco, é verdade, mas de fundo nada de novo…
Não é o crescimento econômico, mais emprego etc. que garante nada. Nos dois primeiros governos do Lula e no primeiro governo da Dilma, houve crescimento da economia muito maior que agora, e nem por isso o povão, aqueles que mais se beneficiaram com tudo isso, a proclamada nova classe média consumista, deixou de votar e apoiar candidatos da direita fascista e elegeram o genocida.
O próprio frei Betto alertou que crescimento econômico sem educação política, sem trabalho nas bases, sem estar do lado dos que mais precisam, não basta, não resolve nada, é insuficiente para garantir qualquer coisa. O povo vira consumidor, usuário, mas continua sem cidadania, sem proteção, à mercê dos mais poderosos, dos bancos e das corporações militares assassinas, os novos jagunços/capitães do mato de uniformes. Tudo igual…
Antônio Cândido explicou que a simples existência da proposta socialista de sociedade ensejou no capitalismo a criação da social-democracia, regime político-econômico que possibilitou uma maior qualidade de vida para o trabalhador. Essa melhoria objetivava manter distante a proposta da esquerda, mantendo a riqueza oriunda do trabalho concentrada nas mãos dos poderosos, da classe dominante e suas elites, mas dando ao resto da sociedade um melhor padrão de vida. Não é e nunca foi o caso brasileiro…
Aqui, quando a economia cresce, a riqueza continua com a classe dominante e suas elites, pouco importa se vem das aplicações, dos rentistas, do mercado ou da produção. O povão, aqueles oriundos da escravidão que nunca acabou, dependendo da orientação do governo de plantão, pode ou não ficar com migalhas maiores ou menores. Por isso que o crescimento da economia, festejado por alguns como algo positivo do governo Lula, pouco tem a ver com melhorar de fato a qualidade de vida do trabalhador brasileiro. Migalhas maiores continuam sendo migalhas. Capitalismo é assim…
Carlos Eduardo Pestana Magalhães (Gato)

Jornalista, sociólogo, membro da Comissão Justiça paz de São Paulo, do Grupo Tortura Nunca Mais e da Geração 68 Sempre na Luta…


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